Reversi
Se a cultura do rock reflete a tentativa babilônica de transformar mortais em grandes deuses, ela não chegar a ser, no entanto, uma Torre de Babel: criado nos Estados Unidos, o gênero musical dá à língua inglesa mando de campo quase que eterno. Para reverter esse placar, a banda paulistana Reversi calca suas origens nas vertentes mais clássicas do rock ’n’ roll, mas faz sua a missão de fixar nos versos em português a cultura brasileira dentro de um contexto que luta para se desfazer do rótulo de “importado”.
Formada pelos irmãos Rubens (guitarra e voz) e Renato Loureiro (bateria) em 2007, a Reversi encontrou em Du Araujo (baixo) e Ricardo Godoy (guitarras) os integrantes para seguir estrada afora, depois de algumas mudanças na formação, inclusive durante a gravação de seu primeiro EP homônimo, lançado em 2009. A Reversi já mostrava nesse primeiro trabalho as influências contundentes de estilos como grunge, progressivo e experimental, alinhavados pelo rock clássico.
“Ponto de Fuga” abusa da guitarra slide e de riffs pesado do metal, e arrisca um vocal que reverencia Chris Cornell nos primeiros tempos de Soundgarden. “Faça uma linha com todas as histórias/Que sempre temos que contar pra tentar mudar de vez”, ordena Rubens, com a urgência de quem arrisca os primeiros grandes passos no mundo.
Outras faixas como “Antíteses” e “Sol” trazem sangue grunge nos riffs, mas a primeira segue para o progressivo, levada para essa trilha pelas baquetas de Renato, enquanto descreve o cotidiano num mundo sobrecarregado de informação: “Os seguros já morrem jovens/ As loucuras já são normais/A vida publica o que acontece nos jornais”. Já “Sol”, uma espécie de redenção, desemboca em arranjos experimentais que trazem frescor à la Radiohead à canção.
Não à toa, as seis faixas desse EP se revezaram no primeiro lugar do Top 10 downloads da Oi Novo Som. A música “Me”, primeiro single do EP, ganhou ainda versão em espanhol (“Mi”) em novembro de 2009, para ser lançada online em uma parceria com a banda chilena Lluvia Fúnebre.
A boa recepção da estreia abriu portas para uma série de eventos. O quarteto já tocou em festivais com bandas como Granada, Matanza, Nevilton e Vivendo do Ócio. Em outubro de 2011, a Reversi abriu o show de lançamento do DVD dos Raimundos, no Led Slay Festival. Nesse mesmo ano, a banda conquistou o terceiro lugar no Manifesto Rock Fest, em São Paulo, numa disputa entre 50 grupos, e levou para casa ainda os prêmios do júri de melhor baterista, guitarrista e baixista.
Com uma média de 50 apresentações por ano, a banda trafega com desenvoltura pelas casas de show de São Paulo mais tradicionais do gênero, como a Manifesto, Café Aurora, Fofinho Rock Bar, Livraria da Esquina, Fidalga 33, Clube Outs (onde a banda lançou seus dois EP’s), Cerveja Azul, Lollapalooza Bar (Santo André), e em eventos promovidos pela Led Slay. Também marca presença no circuito do interior paulista, em cidades como Campinas e Indaiatuba, e pode ser vista regularmente no sul do país em turnê por Maringá (PR), em bares como Tribos e MPB, e Campo Mourão (PR), além do tradicional festival Woodstock Long Life.
Em 2012, a Reversi lança o segundo EP “(Con)seqüência”, que reafirma as raízes e adiciona, ao mesmo tempo, a farta bagagem acumulada pelo grupo ao longo dos cinco anos de existência. O EP de cinco faixas foi gravado no estúdio Costella (São Paulo) por Paulo Senoni (KiLLi) e mixado/masterizado por Chuck Hipolitho (Vespas Mandarinas). O single “O Que Você Quer” já está nos dials, webrádios, e iPods roqueiros de todo o país desde seu lançamento, ainda no primeiro semestre.