Os Flutuantes
Os Flutuantes não buscam soar como esta ou aquela banda, uma ou outra geração do rock, ao contrário, O quarteto sintoniza com o rock clássico, em alta freqüência, e apenas produz belas canções. "Apenas", no caso, é um elogio, pois canções é um produto escasso no mercado. Os curiosos em saber o que esperar de Os Flutuantes devem preparar-se para referências clássicas sessentistas e setentistas, com direito a boas doses de Hendrix, Led Zeppelin e muita Jovem Guarda. Mas nem tente limitá-los ao terreno de suas influências.
Aquele início de 2004 não registrava somente uma troca de bate papo num buteco e a necessidade de gravar um disco . Marcava o período em que quatro guris, conscientes de que já tava na hora de começar sua jornada mudo a fora , Vinícius de Sá (Batera), Fabiano Nasi( Vocal) , Vinício Eduardo(Guitarra) e Fabio Bruhn (Baixo), despediam-se do tempo de brincar de fazer música e ver no que dá. O tratado de postura mais séria com uma carreira musical de verdade começava ali.
Dito e feito, em maio de 2006, Vol.1 veio ao mundo após um processo custoso, porém prazeroso. Gravado no estúdio Casa Elétrica, em Porto Alegre, o disco foi produzido por Vini Tonello (Papas da Língua, TNT, Armandinho).
O vol.1, é feito de dez canções que te levam diretamente para um mundo ambíguo entre a doçura pop e a lisergia roqueira dos anos 60. A começar pelas cordas e baquetas. O guitarrista Vinício Eduardo é especialista em solos trabalhados e riffs melódicos, da melhor escola Page, Hendrix & Iommi. Mas, também sabe construir linhas suaves quando pede a ocasião. O baixo de Fábio Bruhn e a bateria de Vinícius de Sá mostram serviço versátil e discreto, como as melhores cozinhas do planeta. O clima ‘país das maravilhas’ de Vol.1 se completa com os vocais e as letras de Fabiano Nasi. “Amanhã”, por exemplo, se desdobra em trechos um tanto nonsense (“...não pense em brigar, porque eu só vim aqui tomar um chá...”) a apaixonados (“...amanhã você vai lembrar tudo outra vez que eu sempre amei você...”). Aliás, se o tema amor é constante nas palavras — em nove das nove letras — a musicalidade é mais abrangente. A Rainha de Copas adoraria.