Eron Falbo
Eron Falbo entrou no mundo da música por acaso. Fosse um texto literário, o álbum conceitual 73 seria um romance de formação. Seu objetivo quando adolescente, à época que já folheava os clássicos gregos, era mesmo o de ser filósofo e poeta.
Já de volta ao Brasil, aos 20 anos, reuniu alguns amigos e montou Os Julianos, uma banda com repertório de covers de hits do rock’n’roll dos anos 1960, de Beatles à Jovem Guarda. O grupo fez sucesso tocando a bordo de cruzeiros na costa brasileira. Porém, embora os ares estivessem soprando a favor, a banda foi desfeita diante da possibilidade de uma segunda temporada sobre as ondas.
Eron, então, arquitetou sua volta aos palcos em uma carreira solo. Em janeiro de 2009, ele viajou para os Estados Unidos e tocou suas músicas em shows do tipo open mic, em que artistas apresentam-se livremente.
Cidadão do mundo, músico brasiliense Eron Falbo lança 73
Álbum de estreia do cantor e compositor foi gravado em Nashville com produtor de Bob Dylan e Leonard Cohen
Eron Falbo entrou no mundo da música por acaso. Fosse um texto literário, o álbum conceitual 73 seria um romance de formação. Seu objetivo quando adolescente, à época que já folheava os clássicos gregos, era mesmo o de ser filósofo e poeta.
Aos 17 anos, ainda em Brasília, ele comprou sua primeira guitarra, mas logo mudou-se para Paris a fim de estudar francês. Foi quando Eron chegou a declamar poesias na livraria Shakespeare & Company, conhecida por ser um ícone da resistência da arte literária.
Já de volta ao Brasil, aos 20 anos, reuniu alguns amigos e montou Os Julianos, uma banda com repertório de covers de hits do rock’n’roll dos anos 1960, de Beatles à Jovem Guarda. O grupo fez sucesso tocando a bordo de cruzeiros na costa brasileira. Porém, embora os ares estivessem soprando a favor, a banda foi desfeita diante da possibilidade de uma segunda temporada sobre as ondas.
Eron, então, arquitetou sua volta aos palcos em uma carreira solo. Em janeiro de 2009, ele viajou para os Estados Unidos e tocou suas músicas em shows do tipo open mic, em que artistas apresentam-se livremente.
A resposta positiva do público o incentivou a procurar ajuda para gravar suas canções. Começava aí uma jornada de oito meses em busca de Bob Johnston, produtor de Bob Dylan (Highway 61 Revisited, de 1965, e Blonde on Blonde, de 1966) e Leonard Cohen (Songs from a Room, 1969).
Em junho de 2009, já fazendo faculdade em Londres, e depois de mais de uma centena de e-mails trocados, Eron finalmente convenceu Johnston a ouvir suas músicas por telefone. Deu certo e, depois de um encontro inicial na casa do produtor, no Texas, o músico retornou aos Estados Unidos para gravar em Nashville, em novembro.
“Eu juntei alguns dos melhores músicos e acho que vai ser um sucesso. Vai ser glorioso”, disse Bob Johnston em entrevista durante o making of das sessões no estúdio Dark Horse.
Como em qualquer trabalho de estreia, a maior parte das músicas de 73 contém influências de sua formação musical. Há lugar para o blues, como “Any Fool a Man”; narrativas musicadas como “I’ll See You Again” e “What I Could've Been”; e para o folk eletrificado de “I Want It All”.
Na autoral “A Baby-Step of Faith”, inspirada no controverso discurso feito por Bob Dylan aos 22 anos, em Nova York, em 1963, ao receber um prêmio de reconhecimento pela luta pelos direitos civis, o barítono canta sobre os desafios e a cara de pau necessários para dar o pontapé inicial, seja na vida ou na arte.
Já no bem-humorado rock “Sacagawea’s Son”, ele dá voz a Jean Baptiste Charbonneau, o filho mestiço de Sacagawea, a indígena que ajudou os pioneiros norte-americanos a avançar pelo oeste dos Estados Unidos, no início do século 19. “For so long I've tried to find/To finally just realise It's true, I'm the one who's a fool./But I will pick a fight with you in a thousand avenues”, canta Eron.
Iniciado em diversas linhas filosóficas obscuras, Falbo deixa de lado a sensualidade latina e roqueira para abordar temas mais complexos em “Emperor”, na qual presta uma homenagem ao hit “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas e Paulo Coelho.
Das três versões do álbum, o EP traz “I Found Out”, de John Lennon, e “You Don’t Know Where Your Interest Lies”, faixa de Paul Simon que ficou de fora da edição final do álbum Bookends (1968) , de Simon & Garfunkel — também produzido por Johnston.
A mixagem de 73 ficou a cargo do produtor canadense Tony Kosinec, que contribuiu com a criação de arranjos e de pontes entre as faixas.
“Eron recriou o caminho trilhado por excelentes cantores e compositores no fim dos anos 1960 e no decorrer dos anos 1970. Ele
parece ter refeito a trilha de alguém que poderia ter sido um superstar naquele tempo”, diz Kosinec, de seu estúdio em Toronto.